9 de dezembro de 2014

UM BREVE DEPOIMENTO SOBRE A GLUTONARIA – O PECADO CONSENTIDO E INCENTIVADO NA IGREJA

“seja a vossa moderação notória a todos os homens. Perto está o Senhor” (Fp. 4:5)
“Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia,  idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções,  invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam.”   Gl 5:19-21

            

Sim, comer demais é pecado. Simples assim. E definir glutonaria, ao contrário do que se possa imaginar, é fácil: glutonaria é comer demais, é ingerir mais alimento do que é necessário.

De início, é preciso acertar uma ideia comum, e errada: glutonaria, apesar de intimamente ligada à obesidade, não está ligada a ela como uma regra. Isto é, existem obesos que não são glutões, e há glutões que são magros. Obesidade é uma doença, cujas causas são diversas, desde o excesso de ingesta alimentar até distúrbios de ordem hormonal, e deve ser tratada por equipe multidisciplinar, às vezes até mesmo com o uso de medicamentos e, mais raramente, intervenção cirúrgica. A glutonaria é pecado, conforme deixa claro o texto de Paulo aos Gálatas, corroborado com diversos outros textos, no AT e no NT, e como tal deve ser tratado por nós, que somos corpo de Cristo, servos do Altíssimo. Mas não é o que eu vejo. Ao contrário, vejo a igreja condescender com a prática da ingesta excessiva de alimentos, incentivá-la, a título de comunhão, e relevar o tratamento deste pecado nos irmãos que, muitas vezes, o cometem de forma contumaz.

Quando eu ajo como um glutão, evidentemente, eu não glorifico a Deus. E preciso ter o discernimento dado pelo Espírito Santo, para que convencido do pecado, o abandone. Mas, quando eu ajo como glutão?


Vou responder como cristão, médico e reconhecidamente fraco nesta área:

1. Eu cometo glutonaria sempre que como além do que preciso para não sentir mais fome. E isto é mais prático do que parece. Todos nós sabemos muito bem qual o momento em que paramos de comer para saciar a fome, e começamos a comer por prazer, ou compulsão. Neste momento, irmãos, é a hora de parar de comer. Como regra geral, repetir um prato pela terceira vez, sempre é gula. Pela segunda vez, na maioria das vezes o é. Se você faz deste hábito quase uma rotina, sugiro que sonde seu coração, e mais, que controle seu apetite.

2. Eu cometo glutonaria todas as vezes que como algo que sabidamente causa um malefício. Seja um alimento com excesso de gordura, sal ou açúcar, para qualquer pessoa; seja um alimento proibido para alguma condição de saúde específica (p.ex.: doces para um diabético, trigo para um celíaco, camarão para um alérgico...). Em suma, se por algum motivo, comer um tipo de alimento me faz mal, e eu não consigo parar de comer, obviamente há algo de errado no meu comportamento.


Mas o que mais me causa espanto é a forma displicente com a qual tratamos o assunto, como igreja. Fui convertido há 8 anos, e somente uma vez, nos três ciclos de obesidade que enfrentei, no meu caso por gula, fui advertido biblicamente que comer como eu comia era pecado. Como prática geral, no entanto, o que vejo são “comunhões” regadas a alimentos muitas vezes inadequados, incentivos a comer excessiva e repetidamente, um número elevado de irmãos com doenças ligadas diretamente a hábitos de vida não saudáveis, com sua qualidade de vida prejudicada, o que afeta diretamente a sua produtividade, na obra do Senhor, e nos demais afazeres. Irmãos que são precocemente acometidos por infartos do miocárdio, dores de coluna por excesso de peso, hipertensos e diabéticos que, absurdamente, não conseguem se livrar do sal e do açúcar. Cada um, é claro, é responsável pelas consequências dos pecados que comete, e muitas vezes estes, ainda que perdoados, deixam suas marcas, e não culpo ninguém por ter adoecido algumas vezes pela minha fraqueza em controlar o que como. Mas somos família de Deus, e peço que os irmãos que verdadeiramente me amam nunca mais deixem de me exortar e corrigir se eu incorrer novamente no pecado da glutonaria. Eu não serei mais omisso neste sentido.


Quer comamos, quer bebamos, quer façamos qualquer outra coisa, que façamos para a glória de Deus. (1 Co 10:31)


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