"Assim, pois, todo aquele que dentre vós
não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo." Lc 14.33.
O arrependimento, fruto da bondade de Deus (Rm
2:4), é condição essencial à conversão, à entrada no Reino de Deus. Só um homem
arrependido, contrito, é regenerado. Não há regeneração sem arrependimento!
O arrependimento bíblico é uma
mudança de atitude interior, uma mudança de governo. Quem antes era escravo do
pecado, agora é servo de Deus! E como isso é operado, em termos práticos, na
vida diária, pelo Espírito Santo?
Jesus nunca pregou o Evangelho,
buscando facilitar a sua aceitação, buscando torná-lo agradável. Jesus, ao
contrário, sempre enfatizou as demandas e exigências da vida cristã. Vemos nos
evangelhos isso com muita clareza:
“E quem não toma a sua cruz, e não segue após
mim, não é digno de mim. Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua
vida, por amor de mim, achá-la-á” Mt 10:38-39
“Então disse Jesus aos seus discípulos: Se
alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e
siga-me; Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder
a sua vida por amor de mim, achá-la-á.” Mt 16:24-25
“E chamando a si a multidão, com os seus
discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e
tome a sua cruz, e siga-me. Porque qualquer que quiser salvar a sua vida,
perdê-la-á, mas, qualquer que perder a sua vida por amor de mim e do evangelho,
esse a salvará.” Mc 8:34-35
“E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe
disse: Falta-te uma coisa: vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e
terás um tesouro no céu; e vem, toma a cruz, e segue-me.” Mc 10:21
“E dizia a todos: Se alguém quer vir após
mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me. Porque,
qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas qualquer que, por amor
de mim, perder a sua vida, a salvará.” Lc 9:23-24
“Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste
mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna.” Jo 12:25
Como a igreja perdeu esta pungência,
em sua pregação... hoje são enfatizadas
a prosperidade material, a relevância cultural do cristão no mundo, a adequação
do crente à sociedade, a conformação aos valores e hábitos dos ímpios, tudo
isto disfarçado de “contextualização missional”. Jesus foi o obreiro exemplar e
nunca usou estes estratagemas. Ele cria no poder de Deus expresso em Seu
evangelho, como suficiente para gerar arrependimento e fé, para a salvação dos
Seus eleitos! E não há porque hoje enfatizarmos algo diferente do que fez o
nosso Senhor! E a ênfase é no arrependimento e na fé, para que haja a salvação.
A ênfase é na soberania e suficiência de Cristo neste processo. É Ele quem nos
conduz ao arrependimento, é Ele que nos dá a fé, e é Ele quem nos salva, sem
mérito nosso, unicamente por Sua graça.
Voltando ao início do texto, onde
falávamos da operação prática do arrependimento, vemos que Jesus coloca quatro
situações necessárias para esse operar divino:
1.
Negar a si mesmo – reconhecer Cristo como
Senhor, significa negar qualquer ação minha como capaz de prover tanto minha
salvação, quanto meu caminhar até o Alvo. Negar a mim mesmo, significa na
prática, colocar a vontade da minha carne sujeita à vontade de Deus. Significa
praticar o verso da oração de Mateus 6, onde digo que “seja feita a Tua
vontade, na terra (a começar em mim), como no céu”. Significa meditar
incessantemente na Palavra, orar sem cessar, ler a Bíblia, procurando aplicar
cada ponto à minha vida, conhecer o meu Senhor, para que haja discernimento da
Sua vontade. Significa nunca confiar em meu coração.
2.
Tomar a cruz – para que seja efetivo esse
negar-me, preciso ter consciência de que a cruz faz parte da caminhada, desde a
conversão até o meu encontro com o Senhor. Tomar a cruz é seguir os passos de
Jesus, é fazer o que Ele fez, é andar a segunda milha (Mt 5:41), dar a outra
face (Mt 5:39), é mortificar aquilo que ainda fica de mim mesmo é, após negar
meu “eu”, crucificá-lo, para que eu esteja totalmente rendido a Cristo.
3.
Perder a vida – bom, se eu nego a mim mesmo e
tomo a cruz, perder a vida estará junto. A cruz é um instrumento de morte, e
quem diz que a toma, mas ainda insiste em preservar a sua vida, nunca entendeu
a regeneração. Se eu morri realmente, se fui regenerado, perdi a minha vida, e
hoje Cristo vive em mim (Gl 2:20). Se alguém se diz cristão e se vê amarrado ao
senso de autopreservação, precisa se arrepender.
4.
Renunciar a tudo – renúncia não deve ser
confundida com cruz. São coisas diferentes, apesar de andarem juntas. Um
exemplo é o texto de Mateus 5:39, onde Jesus nos ensina a dar a outra face. A
renúncia precede o tomar a cruz. Eu renuncio quando abro mão do direito de
revidar a agressão, e tomo a cruz quando dou a outra face. Em Mateus 5:41, eu
renuncio quando abro mão do direito de não caminhar uma milha, e tomo a cruz,
quando ando a segunda. Não haverá o “tomar a cruz”, se não houver a renúncia.
Renunciar a tudo significa não me justificar, não tentar fazer valer o meu
senso de justiça, mas crer que o Senhor que me escolheu, me salvou, me
justificou, está me santificando e vai me glorificar.
Que
estas verdades eternas sejam vida prática em mim, testemunhem minha fé a todos
os que convivem comigo, e que eu persevere nelas, pela graça de Deus, e pelo
Seu poder, que opera em mim o querer e o realizar (Fp 2:13), até que Ele venha.
E Ele
vem, sem demora!
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